Era uma tarde
extremamente quente e abafada, mas isso não era um problema para essa família
que podia pagar suas contas em dia e ter uma casa totalmente climatizada.
- Filho, nós
vamos nos atrasar! – Disse dona Márcia num tom apressado
-Calma, estou
procurando minha mochila – disse Caio. – Achei!
-Então saia
desse quarto e vamos!
Então
a campainha tocou e pela casa pôde se ouvir aquele barulho que significava
visita. Mãe e filho sabiam que não era uma hora propícia à visitas.
-Quem será? –
Perguntou Caio
-Não sei ,pegue
a chave do carro e ligue enquanto eu vejo quem é.
Caio
correu até o quarto de sua mãe para procurar as chaves e de lá pôde ouvir o
barulho do portão abrindo e a voz rouca de um homem. Curioso com a situação,
deixou a procura de lado e foi ver quem era a suposta visita e para sua
surpresa era um homem que nunca tinha visto. Se postou a porta da sala e
viu a cena.
O
tal homem já estava na varanda, frente a
frente com sua mãe e tinha uma aparência semelhante a de um mendigo. Ele era
moreno, usava calças surradas (camisa mais ainda) e um boné tão encardido que
fez Caio pensar quando teria sido a última vez que aquele homem tinha tomado
banho.
-A senhora não
sabe como é difícil a minha vida – Disse o homem e o seu bafo de bebida
alcoólica infestou o ar. – Tenho que fazer dezessete exames, minha senhora!
-Entendo,
depender de hospital público é muito difícil – Disse a Mãe.
-Eu quero
muito que a senhora me ajude com o que a senhora puder, por favor – Ele
gesticulava com violência e deixou uma impressão de ameaça para Caio.
Imediatamente
,Caio correu até a cozinha e abriu a segunda
gaveta dos talheres e lá estava ela; prata, com cabo verde-lima e dentes
grandes. Ele a segurou com a mão direita e a pôs no bolso de trás da calça e
quando fechou a gaveta sua mãe entrou e disse:
-Meu bem,
pegue uma sacola e ponha um pacote de açúcar e outro de arroz.
-A senhora vai
dar comida à ele?
-Sim, ele está
necessitado. Rápido, ainda estamos atrasados!
Após entregar
a sacola à mãe, Caio se dirigiu novamente à porta e segurava a faca em seu
bolso com muita firmeza esperando qualquer movimento ofensivo acontecer.
-Muito
obrigado, senhora. Que Deus lhe abençoe todos os dias pelo o que a senhora está
fazendo por mim.
-Não precisa agradecer,
é dever de todos ajudar ao próximo.
-Agradeço
muito a senhora e ao seu filho – Ele olhou nos olhos de Caio e começou a chorar
– Te desejo tudo em dobro.
O homem deu as
costas à mãe e ao filho ,atravessou o portão e foi embora. Instantaneamente, Caio
pensou no que tinha acabado de fazer.
-Pegou as
chaves, meu filho?- Perguntou a mãe
-Não, mas vou
pegar e aproveito para deixar algo lá dentro.
É a primeira vez que posto um conto. Enfim,esse é um dos meus primeiros (o segundo, na verdade) e um dos meus preferidos, por inúmeros motivos. Espero que gostem.
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